Muitas vezes quando atendo as pessoas, principalmente as que estão enfermas, uma das perguntas mais freqüentes que fazem são “Padre, Deus está me castigando?”. Diante da fragilidade da saúde esse é o primeiro pensamento que se vem. Se hoje muitas pessoas pensam nessa possibilidade de castigo de Deus imagine como as pessoas pensavam na época da Jesus. Os coxos, os cegos, os leprosos, eram todos considerados pecadores, amaldiçoados, impuros e indignos. Para a religião que professavam essas pessoas não estavam contados entre aqueles que seriam salvos.
No capítulo 4 de Lucas, quando Jesus estava na sinagoga em Cafarnaum e levantou-se para ler as escrituras, ele anunciou a sua missão como Ungido de Deus, como o Cristo de Deus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a liberdade aos oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.” No evangelho de hoje, em cumprimento à profecia de Isaías que lemos na primeira leitura, Jesus ao ser indagado pelos discípulos de João se ele realmente era o Cristo, Jesus faz questão também, de elencar os sinais que estão acontecendo.
Jesus chama atenção aos sinais para que entendam o motivo verdadeiro deles. Mas do que as curas e milagres, o Cristo de Deus veio para trazer a salvação. E a salvação de Deus não é somente para um grupo de pessoas perfeitas fisicamente mas sim para todos, principalmente os mais necessitados. Os milagres de Jesus são sinais da sua unção pelo Espírito Santo. São sinais de uma salvação universal até para os que, segundo os judeus, eram considerados amaldiçoados e castigados por Deus. Jesus não cura ou faz milagres porque tem dó, mas para testemunhar a misericórdia e o amor de Deus na vida dos seus filhos. Para mostrar que realmente é “um ano favorável da parte do Senhor”. É o kairós (tempo de Deus) que se aproxima!
Nós também precisamos estar atentos aos sinais de Deus em nossas vidas. Deus nos concede as “alegrias da salvação”. Os sacramentos, por exemplo, já são essas alegrias que Deus nos concede ao marcar os momentos da nossa vida com seus sinais de amor: a filiação divina pelo batismo, a misericórdia pela penitência, o alimento pela eucaristia, os dons do Espírito pelo crisma, a união de duas vidas pelo matrimônio, o ser outro Cristo pela ordem, a cura pela unção dos enfermos. Com quantas outras “alegrias da salvação” Deus nos presenteia: a amizade sincera de um amigo ou amiga, o amor incondicional de uma mãe ou pai, a franqueza de uma correção fraterna, a simplicidade de uma criança, a beleza da criação.
É por isso que nesse domingo a cor litúrgica é o róseo. É a alegria que toca esse tempo da espera, do advento do Senhor. Alegria em comemorar mais uma vez a primeira vinda de Cristo, que assumiu a nossa fragilidade humana para justamente nos trazer a salvação e nos mostrar que a grandeza do ser humano se caracteriza pela fé que o faz perceber as necessidades do próximo. A esperança da segunda vinda de Cristo, quando ele chegará triunfante para nos trazer à verdadeira alegria da vida em Deus.
Pe. Paulo Profilo, SDB
Nenhum comentário:
Postar um comentário